Genial!
"Mas isso, isso é um gênio!"
caetano veloso sobre tom zé
caetano veloso sobre tom zé
Ele parecia estar tão feliz quanto eu. Sorria, brincava, pulava, se dizia um galiciano. Não teve gallego que não tenha dado um soriso e posso apostar que a maioria ficou batendo os pezinhos, quase levantando das cadeiras comportadas do Auditório de Galícia. Na fila 18, duas meninas não resitiram ao a-e-i-o-u-ipisilone de Luiz Gonzaga, ainda que não fizessem idéia de como se dança um baião.
Quando ouvir dizer que haveria um show de Tom Zé em Santiago num ciclo chamado "Sons da Diversidade" me pus extremamente feliz, e ao mesmo tempo curiosíssima sobre qual seria a reação dos gallegos ao tio mais legal da tropicália. "Acho que ele vai tocar Companheiro Bush de cara pra ganhar a confiança" - me disse um amigo enquanto especulávamos a respeito. Surpresa foi saber que só restavam 10 assentos para venda 3 dias antes do show.
Quando Tom Zé entrou com o palco ainda escuro, a sala principal do Auditório de Galícia estava lotada. Por mais incrível que pareça, ouvia-se pouco português nos cochichos antes do início do show, o público era quase completamente espanhol, coisa que nem sempre acontece por aqui com artistas brasileiros, segundo me contaram.
Na fila atrás da minha, uma voz que falava em português com sotaque espanhol traduzia as falas de Tom Zé pra amiga do lado e cantava animadamente os refrões.Tom Zé resolveu testar a capacidade dos gallegos - que sempre acham que pra gente que fala português é mais fácil entender gallego que castellano - de enteder o português. E ele fala como um papagaio! Apresenta a si mesmo, apresenta banda, comenta cada música, puxa o saco dos gallegos que ele xingava de espanhóis quando não sabia que a Galícia era outra coisa, elogia Rita Lee... em sua primeira vez na Galícia, Tom Zé parece pinto no lixo.
" Hoje eu sou gallego, eu não sou de Astúrias, não sou de Madrid, não sou da Bahia, não sou de Irará, não sou do Brasil. Hoje eu sou galego nessa zorra!"
Mesmo sem falar a mesma língua, a platéia adora Tom Zé, ri, canta junto, aplaude, apóia a acusação a Bush. Eu, do meu lugar na décima oitava fila, posso jurar que estava mais feliz do que qualquer um deles. Feliz por ouvir 2001, por cantar " foi o bush" mais alto que todos eles. Quase plageando Caetano, "eu sentia a alegria por Tom Zé existir, por ele ser baiano, por ele ser ele e por eu poder entender pelo menos metade da genialidade dele". Eu sentia a alegria de estar ali naquele momento.
"Vocês sabem que eu ganhei um prêmio Shell esse ano? Quem diria! Mas eu já tinha previsto isso desde os anos 70, vocês querem ver que eu já tinha pervisto, olha aqui:
Meu sangue é de gasolina, correndo não tenho mágoa
Meu peito é de sal de fruta, fervendo num copo d''''água
Agora ninguém mais pode dizer que eu sou um artista esculhambado!"
O mais incrível é que ele tenha sido descoberto tardiamente e por acaso. Copiando Caetano ao pé da letra agora: Isso, rapaz, isso é um gênio!
* Prometo que assim que minha conexão permitir, posto os vídeos que fiz no show.
5 comentários:
Adorei!!! Fiquei ainda mais feliz por você!
Queria ter estado contigo neste show...
Rapaz, eu quase comecei a achar Tom Zé um tio legal! Tô quse querendo ir num show dele! =P
valeu a pena esperar! e aliás, vc me fez ficar com vontade baixar umas músicas dele aqui. bueno.
já percebi algumas construções frasais com influência do espanhol, viu moça? até hoje eu me bato dizendo, em português, ridicularidades como "eu dirigi minha mãe pro shopping", dentre outras. :-P
bjão!
ps.: saudades de vc, nem deu pra matar no intervalo da minha volta com sua ida... eu, Lari e Lai fomos no Jazz no Mam e só faltou vc que, ainda bem, estava se refestelando com Tom Zé... volte e vamos fazer uns programinhas cults, sim?
"matar as saudades no intervalo"... é sempre bom esclarecer...
Valéria,
Que o seu gosto artístico é refinado, disso ninguém tem dúvida. Talvez uma pouco de herança genática e uma boa pitada de insentivo e manutenção prá desenvolver e aguçar mais a cultura que já existia em vc, acertei? Pois é, em letras, em música, no palco e nas telas, seu olfato te leva à leveza da expressão atrística. Isso é sensibilidade e qualidade de gosto, é refino, é nobreza, é beleza interior.
Fico feliz que sejas assim.
Deixo um grande e fraterno abraço com muitos ensejos de felicidades por onde andares. Fica com Deus e Ele estará sempre contigo.
MANUEL Braz LOMES Nascimento Bispo
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